" (...) - Toda a influência é imoral; imoral sob o ponto de vista cientifico.
- Porquê?
- Porque exercer a nossa influência sobre alguém é dar-mos a própria alma. Esse alguém deixa de pensar com os pensamentos que lhe são inerentes, ou de se inflamar com as suas próprias paixões. As suas virtudes não lhe são reais. Os seus pecados- se é que os pecados existem - são emprestados. Tal pessoas passa a ser o eco da música de outrem, o actor de um papel que não foi escrito para si. O objectivo da vida é o nosso desenvolvimento pessoal. Compreender perfeitamente a nossa natureza - é para isso que estamos cá neste mundo. Hoje as pessoas teme-se a si próprias. Esqueceram o mais nobre de todos os deveres: o dever que cada um tem para consigo mesmo. É certo que não deixam de ser caritativos. Dão de comer aos que têm fome e vestem os pobres. Mas as suas almas andam famintas e nuas. A coragem desaparecu da nossa raça. Ou talvez nunca a tivéssemos tido. O temor da sociedade, que é a base da moral, o temor de Deus, que é o segredo da religião- eis as duas coisas que governam. E, contudo.... se um homem devesse viver a sua vida em toda a plenitude, dar forma a todos os sentimentos, expressão a todos os pensamentos, realidade a todos os sonhos, creio que o mundo ganharia um novo impulso de alegria que nos levaria a esquecer todos os males do medievalismo e a regressar ao mundo helénico. Talvez mesmo a algo mais refinado e mais rico que o ideal helénico. Mas o mais ousado de todos nós teme-se a si mesmo. O selvagem mutilado que nós somos sobrevive tragicamente na auto-rejeição que frusta as nossas vidas. Somos punidos pelas nossas rejeições. Todo o impulso que esforçadamente asfixiamos fica a fermentar no nosso espirito e envenena-nos. O corpo peca uma vez, e mais não precisa, pois a acção é um processo de purificação."
Wilde, Oscar - O retrato de Dorian Gray, Colecção Novis, pg. 26
8 comentários:
Olá!
Obrigada pela tua visita e pelas simpáticas palavras que me deixaste.
Gostei bastante do que encontrei aqui e voltarei!!
Beijo Silencioso
Temos que nos exercitar na contrariedade.
O que nos distanciou de nós próprios, foi termos nos esquecido da vida espiritual. Depois que quebramos as correntes dos clérigos, depois que descobrimos que não é preciso de intermediários para a evolução espiritual, a deixamos de lado e procuramos apenas o desenvolvimento económico. Mas, essa busca "de não sei o quê" e essa sensação de vazio, vão nos levar a trilhar o progresso espiritual, e viveremos em melhor harmonia e sintonia com tudo e todos a nossa volta. Pelo menos é o que penso.
Obrigada pela visita.
Gostei muito do teu espaço =)
Beijinhos e fica bem
Um dos meus livros favoritos. Um outro ego que carrega as falhas... Hum...
Vou passar por aqui mais vezes, gostei muito do vi, espero poder continuar a aprender....
bjinho
Saul
Não comento. Deixo-te Irene Lisboa ao invés.
E um abraço! :-)))
É verdade! O objectivo de cada humano deveria ser o seu auto conhecimento, o não ter medo de procurar em si mesmo, o que muitas vezes tenta buscar nos outros.
Gostei :)
Não há maior paz libertadora do que darmos voz ao nosso ser em detrimento do nosso ego... Encarar-me a frio, reconhecer as minhas limitações e principalmente, as minhas grandes qualidades únicas e especiais... A vida é maravilhosa, não é?
Um abraço apertadinho e um jinho na bochecha da mana espiritual que te adora!
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