domingo, dezembro 27, 2009

É tão importante tecer como destecer



A Moça Tecelã
Por Marina Colasanti

Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.
Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.
Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos de algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.
Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranquila.
Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.
Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.
Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.
Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cómodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.
E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.
Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.
Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.
A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.
Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.

quarta-feira, dezembro 23, 2009

My life without me

Poderoso filme.
Os votos que deveriam ser renovados todos os natais e todos os inícios de ano.
Como seria a nossa vida sem o actor principal - nós mesmos?
Um abraço

domingo, novembro 29, 2009

Somostodosum



Somos todos um, não há dúvida !

No dia a dia, faço um esforço para estar vigilante face às minhas caracteristicas. Nomeadamente há dois defeitos que por mais que me tente dominar, estão sempre latentes e pulsantes.


Falta de Compaixão e Disciplina.


Tenho uma terrivel dificuldade em sentir compaixão pelas "asneiras", "comportamentos ácidos", "batidelas de cabeça na parede" quando essa inconsciencia prejudica outras pessoas! Facilmente a ira toma conta de mim, e o meu lado "zorro", guerreiro samurai controla a situação. Só tenho vontade de desancar a pessoa, mostra-lhe a um grande espelho ampliado que o seu egoismo esmaga o outro. Não consigo perceber como a sensibilidade, que mora em todos nós, não pode falar mais alto! E porquê tenho esta falta de compaixão??? Porque também a tenho para comigo quando falho para com alguém. Se magou alguém, sou insensivel injustamente, esse comportamento massacar-me a mente, dias, semanas, meses. Por mais que tente dizer a mim própria: é normal, és humana, no fundo da minha consciência sinto a critica como um espinho agudo que me alerta para ter mais cuidado! Que me faz sentir vergonha da humanidade que mora em mim!


Depois, cada vez mais, revejo-me nos outros: afinal somos todos um! As graças e fraquezas humanas habitam em todos nós! Uns vitimizam-se outros responsabilizam-se e procuram mudar.


Sou forte e tenho muita energia para provocar a mudança mas também sou frágil e por vezes só me apetece desaparecer... No fundo, espero sempre que a vida seja O Fabuloso Destino da Amélie mas....não é! E tem uma dureza para a qual não estou preparada e se calhar nunca estarei. Os poetas, os liricos e os sensiveis são sempre "outsiders", moram do lado de lá da outra margem da vida. Carregam como um caracol às costas o peso da diferença e nem sempre é fácil torná-la leve!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


Que raio de noção temos nós da vida para, por exemplo, quando morre alguém, passado 5 dias tratar de papéis, faltas, burocracia? Somos robots? Máquinas que desligam emoções e continuam mecanicamente a produzir?


Que raio de noção temos nós de vida para, por exemplo, sermos coniventes com a guerra, a fome, as doenças , as desigualdades sociais?


Que raio de noção temos nós de vida para, por exemplo, não abraçarmos mais, não chorarmos mais, não acolhermos a diferença do outro em nós?


Chove muito lá fora e dentro de mim também...

terça-feira, novembro 24, 2009

Chegou o Inverno...


Há alturas assim. O frio lateja fora e dentro de nós.

Estou cansada e à minha volta só ouço notícias tristes. Ou será que só foco nessas?

É doença, tristeza, desencontro e desanimo.

Parece que de repente, a onda energética vigente é a tristeza e o cansaço. Mas não é! Não pode ser!
Continuam por decerto a acontecer todos os dias milhares de fenómenos positivos mas, como num espelho, quando, por alguma razão, estamos tristes interiormente, na realidade exterior só vislumbramos o nosso eco.

"Obrigado pelos obstáculos" diz-me o cartaz que tenho na sala mas nem sempre é fácil manter a disponibilidade interior para os receber como dádiva de aprendizagem.
O maior obstáculo interior, neste momento, é aprender a aceitar que, de quando em vez, estou triste... Que a tristeza faz parte da vida, sem ser permanente ou nos engolir...
A vida, apesar dos obstáculos, é boa mas neste momento é dificil senti-la....

sábado, outubro 31, 2009

Ler devia ser proibido

LER, PENSAR E CONTESTAR SÓ SERVE AOS SONHADORES
E
CUIDADO !!!!
LER PODE TORNAR AS PESSOAS PERIGOSAMENTE MAIS HUMANAS!!!

domingo, outubro 18, 2009

Liberdade de Fernando Pessoa


Ai que prazer não cumprir um dever.

Ter um livro para ler e não o fazer!

Ler é maçada,estudar é nada.

O sol doira sem literatura.

O rio corre bem ou mal,sem edição original.

E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal como tem tempo, não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.

Estudar é uma coisa em que está indistinta

A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto melhor é quando há bruma.

Esperar por D. Sebastião,Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...

Mas o melhor do mundo são as crianças,

Flores, música, o luar, e o sol que peca

Só quando, em vez de criar, seca.
E mais do que isto

É Jesus Cristo,

Que não sabia nada de finanças,

Nem consta que tivesse biblioteca...
Fernando Pessoa

quinta-feira, outubro 08, 2009

Herta Muller






A escritora Herta Müller, vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2009, assegurou que tudo o que escreveu surgiu dos 30 anos que viveu sob a ditadura comunista de Nicolae Ceausescu, na Romênia.

"Não sei se o prêmio tem a ver com os 20 anos do fim do regime comunista. Mas tudo o que escrevi tem a ver com o que tive que viver durante 30 anos sob uma ditadura", disse Herta, em entrevista coletiva, ao ser perguntada sobre o possível caráter político da concessão do Nobel.

"Para as pessoas que viveram nas ditaduras as coisas não terminam quando mudam os tempos", explicou Herta.

"Há gente que morreu como vítima da ditadura. Tive amigos que morreram e a queda da ditadura não os reviveu", disse a escritora.

Segundo ela, esse é o tema de todos os seus livros e a escritora acredita que "toda a literatura tem a ver com as coisas que fizeram dano às pessoas".

Herta afirmou que em 1987, quando chegou à Alemanha, pela primeira vez em muito tempo teve a sensação de que podia respirar. Mas teve que esperar até 1989, com a queda do regime romeno, para deixar de sentir-se ameaçada. "

Acho que este país (Alemanha) me salvou", disse.

Herta não acredita que o Nobel a impedirá de continuar escrevendo, nem que influenciará sobre o que escreve, porque não vai "escrever um livro sobre o Prêmio Nobel".

A escritora prefere falar pouco sobre o prêmio recebido hoje, já que, segundo ela, não acredita ainda que ganhou e "precisa de tempo para entender seu significado".

"Em todo caso, o prêmio é algo exterior e o que importa de verdade é escrever. O resto é acrescentado", afirmou.
A escritora disse ainda que o prêmio não a faz nem melhor nem pior que antes e que seguirá sendo a mesma pessoa, porque não vai "exercer a função de prêmio Nobel 24 horas por dia" e que "seguramente" não pensará "nele quando estiver fritando ovos ou descascando batatas".

A entrevista coletiva teve um final oficial com um breve discurso do ministro de Cultura alemão, Bernd Neumann, que entregou um ramo de flores à escritora e assinalou que agora o nome de Herta Müller tinha se unido ao de outros como Thomas Mann e Günter Grass.

"Me alegro pelo prêmio, mas o que quero é seguir escrevendo na solidão", concluiu.

domingo, setembro 20, 2009

Esse estranho bicho o Amor





A humanidade salta; pragueja; não partilha; desconfia; inveja; ataca; desespera-se numa fuga em frente face à solidão! Alimenta inúmeras posturas de "involução" e depois, mesmo nesta grande confusão, procura o Amor.


Não acredito no Amor em desiquilibrio, ou seja, quando procuramos Amor sem o ter para dar. Não são departamentos estanques !


Se trabalho 16 horas por dia, sete dias por semana, não tendo tempo para mim quando tiver alguém na minha vida será o caos! Não há espaço para o que procuro! A não ser que o meu companheiro(a) também esteja como eu - sem espaço para a intimidade!


Se, por norma, gosto de manter várias pessoas em banho maria, traindo, seduzindo, serei sempre imensamente desconfiado sobre o comportamento do meu companheiro!


Confio, de forma veemente, que a vida nos devolve em espelho, as nossas intenções!


Quem quiser viver um grande Amor terá que começar por si. Amar-se, mimar-se, ser fiel ao que pensa e acredita. Quando não se sabe, simplesmente afirmar: Não sei, estou perdido!


O Amor não se procura , encontra-se sem querer.


Como diz uma amiga minha: Vamos comprar nabos e tropeça-se na pessoa!


Mas para isso temos que estar preparados, disponíveis e centrados .


Isso é dificil. Exige paciência, coragem e confiança.


De outra forma, preparam-se para chorar, desesperar, gritar, ansiar.... Estar só acompanhado é bem mais dramático !



Amor, esse estranho bicho, não é domesticável ! É um caminho de Descoberta e Coragem
Morgana

segunda-feira, agosto 17, 2009

Bem estar



O que fazer quando o trabalho começa a stressar e sentimos que estamos cansados?
Quando estamos habituados a dar, dar, dar e entramos nessa rota sem parar? Depois o cosmos é engraçado: porque queremos dar, envia-nos sempre situações que nos levem a dar.
O que é necessário ? Parar. Sair, momentaneamente dessa rota de dádiva e parar.
Parar para voltar a encher a nossa barragem interior. Para nos mimarmos, para nos carregarmos a nós próprios ao colo. Porque só são verdadeiros os mimos que damos aos outros quando o nosso coração está a transbordar de amor por nós próprios.
E assim, foi. Depois de desacelerar, o cosmos ( esse grande amigo) enviou-me logo uma amiga com uma sugestão: que tal um spa com piscina, vichy e massagens com pedras?
Como estava parada, pude dizer: SIM, SIM, SIM !


Miosótis



quinta-feira, agosto 13, 2009

Estejam atentos! Não percam o trabalho de um excelente Ilusionista Mário Daniel




Magia de Mário Daniel em Setembro na SIC


Foi durante a edição da tarde do "SIC ao Vivo" de segunda-feira, que Nuno Graciano revelou, juntamente com Mário Daniel, que a SIC tem para a reentré um programa sobre magia. Mário Daniel será o apresentador e figura principal do programa e tudo indica que o programa ocupe parte do horário nobre.
Este programa marca o regresso de Mário Daniel, de 29 anos, à televisão, depois de ter participado, pontualmente, em vários programas, entre outros, na "Praça da Alegria", "Portugal no Coração", "SIC 10 Horas", "Ás Duas por Três", "Cabaret da Coxa", "Flagrante Delírio" e "Herman SIC", bem como spots publicitários para o Millennium BCP e Worten.

Vale a pena descobrirem o talento e empenho de Mário Daniel


Marisa Pedrosa

terça-feira, agosto 11, 2009

Miragem Metafísica


Espera, dá-me um minuto!
Quero desconstruir aquela palavra pontiaguda
O olhar frio com que me penetraste na porta!
Espera, deixa reinventar esse momento
Volto a entrar e tudo será diferente!
Nos teus olhos oferecer-me-ás
Duas papoilas prestes a desfalecer
E as tuas palavras serão redondas
Em jeito de xaile que me cobre…
É neste eixo x e y que quero permanecer
Num plano onde a doçura é o silêncio
Que cheira a pão quente
Onde tu não és tu!
És um outro que pressinto
Emerge quando estás distraído.
Esse outro é belo,
Anjo que sopra em meus cabelos
Têm o riso de quem joga aos berlindes
Temo que não te distraías o suficiente…
Que a miragem metafísica se converta
Nos ângulos frios da tua indiferença!
Morgana

domingo, agosto 09, 2009

Mãos mendi


sábado, agosto 01, 2009

Deolinda - Movimento Perpétuo Associativo

Recomendo vivamente todo o cd!!!
É um espanto!!

segunda-feira, abril 06, 2009

Nada de extraordinário mas didáctico

Filme ligeirinho. Nada de extraordinário quer na história quer como filme. Contudo têm uma tónica extramente pedagógica e didáctica.
Sendo as raparigas regra geral menos práticas que os homens e torram a cabeça a estudar 1000 hipóteses, vale a pena ver este filme. Simples, prático e com boas dicas para não " desperdiçar" tempo em análises inúteis!
A verdade pura e dura " ele não está assim tão interessado!"

Abraço

sábado, abril 04, 2009

Cinema Paradiso (Se) - Josh Groban

De uma beleza que nos emudece....
Inenarrável....
Obrigada Carla

sexta-feira, março 27, 2009

Precisa-se de matéria prima para construir um País

Eduardo Prado Coelho, antes de falecer (25/08/2007), teve a lucidez de nos deixar esta reflexão, sobre nós todos, por isso façam uma leitura atenta.



Eduardo Prado Coelho - in Público


A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres.Agora dizemos que Sócrates não serve.E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.
O problema está em nós. Nós como povo.Nós como matéria prima de um país.

Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro.Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais.Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ....e para eles mesmos.Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.Pertenço a um país:

- Onde a falta de pontualidade é um hábito;
- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.

- Onde alguns dos nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.

- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não. Não. Não. Já basta.Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...

Fico triste.Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.E não poderá fazer nada...Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.Qual é a alternativa?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente abusados!
É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.Está muito claro...

Somos nós que temos que mudar.Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso.É a indústria da desculpa e da estupidez.Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir)que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.E você, o que pensa?.... MEDITE!

EDUARDO PRADO COELHO

sexta-feira, março 13, 2009

OU APARECE DEPOIS ?


O VAZIO ANTECEDE...


domingo, março 01, 2009

FIM


FIM


Quando eu morrer batam em latas,

Rompam aos saltos e aos pinotes,

Façam estalar no ar chicotes,

Chamem palhaços e acrobatas!


Que o meu caixão vá sobre um burro

Ajaezado à andaluza...

A um morto nada se recusa,

Eu quero por força ir de burro.

Mário Sá Carneiro


Paris, 1916

domingo, fevereiro 01, 2009

Teatro Musical " A Cidade dos que partem" Co-Produção Palmilha Dentada

Vale muito a pena ir ver- garanto-vos ! Palmilha Dentada volta a surpreender num musical sátira. O texto, os cenários, as utilizações múltiplas da música e dos meios audio visuais vão deixar-vos em extâse e a rir a perder.


http://noticias.sapo.pt/lusa/artigo/89066c8c29101ff9cc70e2.html


Até 28 de Fevereiro no Teatro Carlos Alberto

domingo, janeiro 18, 2009

Contos da Tradição Zen Budista







Presente de Insultos



Um grande samurai, já idoso, adorava ensinar sua filosofia para os jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda que ele ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde, um guerreiro conhecido por sua total falta de escrúpulos apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação: esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e contra-atacava com velocidade fulminante.O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. E, conhecendo a reputação do velho samurai, estava ali para derrotá-lo, aumentando sua fama de vencedor.


Todos os estudantes manifestaram-se contra a idéia, mas o velho aceitou o desafio.


Foram todos para a praça da cidade, e o jovem começou a insultar o velho mestre.


Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos conhecidos - ofendeu inclusive seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho mestre permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo- se já exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro retirou- se.


Desapontados pelo facto do mestre ter aceito tantos insultos e provocações, os alunos perguntaram: - Como o senhor pode suportar tanta indignidade ? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que podia perder a luta, ao invés de mostrar-se cobarde diante de todos nós?


- Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente ? - perguntou o velho samurai.


- A quem tentou entregá-lo - respondeu um dos discípulos.


- O mesmo vale para a inveja, a raiva, e os insultos - disse o mestre -


Quando não são aceites, continuam pertencendo a quem os carrega consigo.


sábado, janeiro 03, 2009

Objectivos pessoais para 2009



Reflectindo de forma honesta, concluí que da mente e da sensibilidade sempre fui estando atenta, semeando, cuidando e colhendo aprendizagens. Do meu plano fisico é que nem tanto. Sempre fui remetendo por preguiça, talvez até por medo da mudança de hábitos. Diziam os gregos " Corpo são, mente sã". E, apesar de quase nunca estar doente, o que é certo é que cada vez mais me canso com mais facilidade!
Assim sendo, chegando à evidência desta verdade de La Palice, este ano tracei para mim mesma os seguintes objectivos:
- emagrecer, mudando os hábitos alimentares
- fazer exercício fisico, começando por andar a pé pelo menos 45m / dia.

Será também um desafio à minha força de vontade e disciplina, valores que quero optimizar.

E vocês, que objectivos traçaram ?

Boa sorte para todos no alcance e no caminho a percorrer para os atingir.

Morgana