terça-feira, maio 08, 2007

O Cavaleiro da Aramadura Enferrujada

Mais um livro simples e sábio que me apetece partilhar contigo....ou no plural

" -Mas não tenho tanto medo quanto costumava ter - declarou o cavaleiro.

- Se é como dizes, então liberta-te, e confia - disse Sam.

- Confio em quem? - retorquiu impetuosamente.Não queria saber mais da filosofia de Sam.

- Não é em quem- Sam replicou- não é um quem mas um quê!

-Um "quê"? - interrogou o cavaleiro

-Sim-confirmou Sam. - Um quê, a vida, a força, o universo, deus, o que quiseres chamar-lhe.

O cavaleiro espreitou por cima do ombro para o abismo, aparentemente sem fim, que se estendia abaixo de si.

- Liberta-te-murmurou Sam insistentemente.

O cavaleiro não parecia ter escolha. estava a perder as forças rapidamente e o sangue gotejava das pontas dos seus dedos que o prendiam à pedra. Acreditando que iria morrer, o cavaleiro soltou-se e mergulhou nas infinitas profundezas das suas memórias.

Relembrou todas as coisas na sua vida, pelas quais atribuira culpas à sua mãe, ao seu pai, aos seus professores, à sua mulher, ao seu filho, aos seus amigos e a todas as outras pessoas. À medida que se agundava no vazio, libertou-se de todos os julgamentos que fizera contra eles.

Caía cada vez mais depressa, estonteado, enquanto a sua mente descia até ao coração. depois, pela primeira vez, viu a sua vida com clareza, sem julgamentos nem desculpas. Nesse instante aceitou a responsabilidade total pela sua vida, pela influência que as pessoas tinham tido nela e pelos contecimentos que lhe tinham dado forma.

A partir deste momento, não voltaria a responsabilizar ninguém senão ele próprio pelo erros cometidos e pelas desventuras que o atingissem. O reconhecimento de que ele era causa, e não efeito, deu-lhe uma nova sensação de poder. Deixara de sentir medo."

Fisher, Robert- O cavaleiro da Armadura enferrujada, pg 69, 70, Editorial Presença, 2006

12 comentários:

Cleopatra disse...

Comprei-o na sexta feira passada.
Já o li.

Vale a pena também
E olha que conheço alguns cavaleiros assim...
Bj.

Cleopatra disse...

Relembrou todas as coisas na sua vida, pelas quais atribuira culpas à sua mãe, ao seu pai, aos seus professores, à sua mulher, ao seu filho, aos seus amigos e a todas as outras pessoas. À medida que se agundava no vazio, libertou-se de todos os julgamentos que fizera contra eles.

Caía cada vez mais depressa, estonteado, enquanto a sua mente descia até ao coração. depois, pela primeira vez, viu a sua vida com clareza, sem julgamentos nem desculpas. Nesse instante aceitou a responsabilidade total pela sua vida, pela influência que as pessoas tinham tido nela e pelos contecimentos que lhe tinham dado forma.

É a parte final.
A razão da ferrugem! ;)

Reflexos e Sinais da Alma disse...

Notável , notável mesmo ! E uma partilha soberba que aqui nos deixaste !!
Todos nós temos algo deste cavaleiro !
Te deixo um Beijo Grande Marisa !

o alquimista disse...

A brisa acorda a água adormecida, brinca e dança em rodopio, com uma perdida e verde folha, solta de um ramo em desvario, cavalga ao doce acaso, cavada e mansa ondulação, qual veleiro sem vela, ao sabor de invisível mão


Boa semana


Doce beijo

APC disse...

Só te digo que esperei por um cavaleiro e ele tinha ferrugem! :-(

Bonito apontamento, Morgana! :-)

Reflexos e Sinais da Alma disse...

Passei para te deixar uma Beijoka !!!

Miosótis disse...

Olá!
Muito boa tarde por aqui, ali ou acolá...
Grata pela tua visita ao meu modesto cantinho e pelas tuas palavrinhas de carinho.
Gostas de miosótis?
Pergunto porque a maioria das pessoas já ouviu falar mas não conhece realmente a florinha.
Eu conheço-a desde criança, mas propriamente desde que entrei para a 1ª classe!Se quiseres e tiveres tempo, um dia destes volta lá a minha casa e procura nos primórdios daquele espaço (Set ou Out 2006) a razão do meu nickname...é interessante! Mas isto só se te apetecer, claro!
E pelos tempos afora os miosótis perseguem-me...até aqui, em Óbidos, nas encostas viradas ao mar, já encontrei alguns. É uma mistura poderosa, de facto!
Bom, não te azucrino mais na leitura. Voltarei com mais tempo, isto se não te importares, para me inteirar do que por aqui se passa.
Mas para já, pareceu-me bem!
Um beijinho.
Fica bem e bom fim de semana

P.S. E já agora o teu "Morgana" tem alguma estória por trás?
Ainda és aluna do Merlin ou já aprendeste as maldades todas?

o alquimista disse...

Tal como um ribeiro manso, que corre pachorrento para sul, assim viaja o teu profundo sentir, aprisionado em…pranto azul…


Bom fim de semana


Mágico beijo

Cleopatra disse...

UI..O pranto azul por aqui novamente...

Anónimo disse...

Tenho plena conciencia que o q acontece, na minha vida, é da minha responsabilidade, sempre o tive. Sentir que tenho pleno poder sobre a vida e tenho de acartar sozinha, sem responsabilizar os outros, com as consequancias das atitudes e decisoes.... pode ser muito pesado. Partilhar e depositar as responsabilidades nos outros, apesar de incorrecto, alivia-nos muito os ombros (mas no fundo sempre a minha responsabilidade).

HUm...isto foi escrito num dia cinzento e chuvoso.

castelo do silêncio disse...

Foi precisamente deste livro que tirei a passagem...

Obrigado pelo comentário.

O seu é fonte de inspiração.

Anónimo disse...

Amiga, já comecei a ler... Estou a gostar. Quando terminar, eu digo-te alguma coisa! Beijos 3 vezes, sem juros!!!!