terça-feira, maio 15, 2007

Todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós

Para pensarmos e comentarmos... uma experiência sociológica e artística


Numa experiência inédita, Joshua Bell, um dos mais famosos violinistas do Mundo, tocou incógnito durante 45 minutos, numa estação de metro de Washington, de manhã, em hora de ponta, despertando pouca ou nenhuma atenção. A provocatória iniciativa foi da responsabilidade do jornal "Washington Post", que pretendeu lançar um debate sobre arte, beleza e contextos. Ninguém reparou também que o violinista tocava com um Stradivarius de 1713 - que vale 3,5 milhões de dólares.

http://www.youtube.com/watch?v=hnOPu0_YWhw


Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam 100 dólares, mas na estação de metro foi ostensivamente ignorado pela maioria.
A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que, diz o jornal, indicará que todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós.
"Foi estranho ser ignorado"Bell, que é uma espécie de 'sex symbol' da clássica, vestido de jeans, t-shirt e boné de basebol, interpretou "Chaconne", de Bach, que é, na sua opinião, "uma das maiores peças musicais de sempre, mas também um dos grandes sucessos da história". Executou ainda "Ave Maria", de Schubert, e "Estrellita", de Manuel Ponce - mas a indiferença foi quase total. Esse facto, aparentemente, não impressionou os utentes do metro. "Foi uma sensação muito estranha ver que as pessoas me ignoravam", disse Bell, habituado ao aplauso.

"Num concerto, fico irritado se alguém tosse ou se um telemóvel toca. Mas no metro as minhas expectativas diminuíram. Fiquei agradecido pelo mí­nimo reconhecimento, mesmo um simples olhar", acrescentou.

O sucedido motiva o debate foi este um caso de "pérolas a porcos"?

É a beleza um facto objectivo que se pode medir ou tão-só uma opinião? Mark Leitahuse, director da Galeria Nacional de Arte, não surpreende: "A arte tem de estar em contexto". E dá um exemplo: "Se tirarmos uma pintura famosa de um museu e a colocarmos num restaurante, ninguém a notará". Para outros, como o escritor John Lane, a experiência indica a "perda da capacidade de se apreciar a beleza". O escritor disse ao "Washington Post" que isto não significa que "as pessoas não tenham a capacidade de compreender a beleza, mas sim que ela deixou de ser relevante".

2 comentários:

Reflexos e Sinais da Alma disse...

Olá Marisa !
Total verdade!
Belo tema para uma profunda reflexão !
Por vezes ignoramos a beleza por onde passamos ...ignoramos a poesia e o valor que reside nos outros ...
Adorei este teu post !
Nunca deixemos sufocar a poesia que existe em nós e nos outros !
Como vês vim ler um post teu mais antigo ...rssss
Um Beijo te deixo !

Unknown disse...

Olá querida amiga Marisa!
Fico contente por entrar num blog, e encontrar um conteúdo tão bom.
Ainda há pouco tempo, eu e o pessoal da minha banda estivemos a falar precisamente sobre algo do género, até demos como exemplo o " Paco di Lúcia, rei do flamenco ", de certeza que seria igualmente ignorado.
Muitas vezes temos perto de nós tão valiosa arte, e Infelizmente a maior parte das pessoas ignoram-na.
Um beijo grande...!
Carlos.