segunda-feira, março 19, 2007




Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
E se a terra fosse uma cousa para trincar
Seria mais feliz um momento...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol.
E a chuva, quando falta muito,pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva...
O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
E que o poente é belo e é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja...

Alberto Caeiro( heterónimo de Fernando Pessoa)

1 comentário:

Anónimo disse...

És uma força da Natureza e lembras-me uma estrela do mar com espasmos de ansiedade, verdade e magia.
A mim inpiraste-me e muito, minha grande amiga.
Espero poder sermpre colher no teu colo as sementes da tua feitiçaria
Abraços miles
Pedro